Racionalização Financeira – Entrevista com Valter Police (FIDUC)
Atualmente convivemos com incertezas nos atingindo em muitas frentes. Consequências do “novo normal” que estamos nos acostumando? Bom, uma coisa é certa, é muito difícil encostar a cabeça no travesseiro, fechar os olhos e não pensar em diversas coisas que nem sempre estão ao nosso alcance de resolver.
Para uns isso pode ser mais difícil que para outros, mas o ideal é que nesses momentos mantenhamos calma para “racionalizar” nossa realidade, certo? Entender o que podemos fazer, até onde podemos ir… #respira Não dá para ter solução para todos os problemas do mundo, vamos fazer uma coisa de cada vez.
Racionalização Financeira?
Esse pensamento é algo que pode ser herdado quando o assunto é Planejamento Financeiro. A “Racionalização Financeira” é algo essencial para todos que almejam alcançar um saldo positivo e próspero.
Esse tipo de atitude é muito utilizada (mesmo que de outras maneiras) em plataformas e aplicativos que existem para nos ajudar a controlar nossas finanças, planejar e até mesmo realizar aplicações no mercado financeiro.
Para trazer um pouco mais sobre a tal Racionalização Financeira conversamos com o Head da Academia Fiduc, Valter Police. Ele é planejador financeiro CFP®, além de palestrante e autor do livro “Meu Planejamento Financeiro”!
Leia a entrevista na íntegra:
O que é planejamento financeiro?
Existem muitas dúvidas sobre esse tema, porque ele trata de uma grande abrangência de temas, mas para mim, planejamento financeiro pode se resumir no seguinte: é um processo pelo qual se analisam os objetivos de vida de uma pessoa ou família e se desenvolvem estratégias para fazer com que as questões financeiras envolvidas aproximem essa pessoa ou família dos objetivos analisados. Em geral, contar com um Planejador Financeiro profissional para participar do processo ajuda – e muito!
Porque é tão difícil mudar o comportamento quando se trata de reduzir despesas?
Vivemos em uma sociedade que prioriza o consumo e as aparências. Aos poucos, somos levados a acreditar que nossa felicidade aumenta na medida em que gastamos mais, não importa ano que. Com isso, pensamos também do lado oposto: se eu gastar menos, serei menos feliz. E ninguém quer isso. No entanto, esse raciocínio pode ser intuitivo, mas é falso. Nossa felicidade não reside nos gastos e não é proporcional à eles. Ela reside em vivermos em sintonia com nossos valores, buscando e alcançando objetivos também alinhados. Em geral, se precisa de muito menos dinheiro para isso do que somos levados a crer
Historicamente, em sua experiência, as pessoas veem mudando sua visão sobre as próprias finanças?
Pelo que já vi, isso acontece em momentos nos quais as finanças passam por algum tipo de mudança para pior. Pode ser com reformas no sistema de previdência que fazem com que a renda futura de alguém não vá mais ser como ele pensava. Ou ainda em uma crise, como a que passamos atualmente. Ou mesmo quando temos novas despesas, como um filho, por exemplo. Nessas situações, nas quais algo tem que ser feito obrigatoriamente, as pessoas se voltam para pensar nas próprias finanças. O ideal seria que pensassem também nas épocas de bonança, mas acho que essa cultura vem sim melhorando, mas ainda em ritmo mais lento do que eu gostaria.
Por onde começar a se planejar?
O primeiro passo de um planejamento financeiro não começa com as finanças, mas sim com uma reflexão sobre o que realmente é importante para aquela pessoa. Se esse exercício for feito por toda a família, ainda melhor. Conhecer seus valores vai te levar a buscar objetivos que façam sentido e que, quando alcançados, geram felicidade verdadeira. Depois de conhecer seus valores e ter em mente os principais objetivos, como aposentadoria (que eu chamo de liberdade financeira), estudos ou qualquer outro, se parte para as questões financeiras propriamente ditas: qual a situação atual, quanto custarão os objetivos, quando eles deverão ser alcançados. Depois de saber o ponto de origem e os destinos, parte-se para a construção dos planos.
O que você acha que a pandemia trará de positivo para as pessoas, sob o ponto de vista da saúde financeira?
Penso que todos estão sendo levados a entender que felicidade e gastos não estão relacionados da forma como muitos pensavam e isso é claro hoje. O maior conhecimento sobre a dinâmica do orçamento familiar traz mais liberdade de escolhas e isso é muito bom. A internalização desse conceito pode mudar muitos hábitos depois que a pandemia passar, o que é bastante positivo. Outro ponto é a questão dos investimentos: com tantas oscilações nos mercados e com as taxas de juros mais baixas da história, fazer o patrimônio investido crescer é mais complexo e, para isso, espero que as pessoas entendam que a gestão de uma carteira é um assunto para profissionais, o que também pode ser bastante positivo, evitando erros comuns de investidores amadores. Esses 3 fatores (Mais gastos não significam mais felicidade, conhecimento sobre o orçamento e deixar a gestão de investimentos com profissionais) podem ser o lado positivo dos aspectos financeiros dessa época.
Você acha importante conversar com as crianças sobre o dinheiro?
Sem dúvida! Conforme cada fase de desenvolvimento, é claro, mas instruir os pequenos sobre as questões financeiras pode fazer muita diferença no futuro deles. Não me refiro aqui a matemática, mas a coisas como diferenciar o que é valor e o que é preço, as necessidades de se acumular para planos futuros, os perigos e as consequências de antecipar desejos pela falta de controle, entre tantos outros. Nesse sentido, existe uma série de materiais e metodologias que podem ajudar, mas é importante que se cheque a confiabilidade dos materiais.
O que você acha que pode ser feito, para contribuirmos com o amadurecimento das pessoas e a “racionalização de suas visões sobre as finanças?”
Acho que é um caminho longo, mas que precisa ser trilhado. Chamar a atenção das pessoas para esse assunto é fundamental, mas não suficiente. Precisamos ter cada vez mais soluções que se adaptem à vida tão corrida da maior parte das pessoas, com o uso de tecnologia de forma intensiva e, mais importante ainda, nós profissionais criarmos relações de confiança com os clientes, com foco no longo prazo para que estejamos disponíveis nos momentos em que eles mais necessitarem, evitando grandes erros e corrigindo os rumos do planejamento ao longo da jornada.
Para iniciar esse processo é preciso uma fotografia da sua vida financeira. Atualmente, existem inúmeros APPs e planilhas para facilitar a compilar essas informações. Sugiro que utilize a que for mais fácil para você.
É muito importante ter a visão do todo antes de tomar qualquer tipo de decisão, mesmo que ainda seja um pré-planejamento. Não se apegue à tecnologia, pode ser uma folha de papel, o importante é ter claro o valor de receita mensal e anual, bem como os custos e saldos.
Check Up feito, e agora?
Com esses dados em mãos é hora de rever furos e traçar objetivos. Uma coisa é certa, ter clareza e simplicidade são determinantes nessa etapa. Você precisará ter um tempo determinado para pensar bem em vários pontos, afinal, é necessário assimilar o que é urgência, importante e desejável para sua vida neste momento (e de hoje em diante).
Às vezes notamos que se faz necessário ter uma mudança de impacto, seja cortando despesas ou até mesmo excluindo hábitos que são prejudiciais. Isso mesmo, o ato de fumar, por exemplo, é fator levado em consideração neste momento.
Convicto de onde quer chegar, e ciente das mudanças de hábitos necessários para o sucesso do seu plano, persista. Pode parecer difícil chegar lá, mas com esses primeiros passos dados, os muros vão caindo um por um e, mantendo o foco e a disciplina, logo você terá uma visão mais límpida das possibilidades.
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